"O Nascimento de Vênus" & a Estrela de Vênus — Parte I

Se tu, como eu, adora história da arte — estas convidado a viajar no tempo comigo para Firenze, Italia — por volta dos séculos XV e XVI. O Renascimento estava prestes a iluminar a Europa de várias formas, da política à cultura e à religião. A cultura clássica Grega e Romana estava em alta.

Sandro Botticelli (cerca 1485)  "O Nascimento de Vênus" — Firenze, Galleria degli Uffizi

A história mitológica ancestral da nossa amada Deusa Vênus flutuando até a costa da ilha de Cyprus em uma concha, se imortalizou através da pintura de Sandro Botticelli — "O Nascimento de Vênus". Esta obra de arte pode ser a quintessência do Renascimento Florentino. As qualidades expressivas das figuras mitológicas, as emoções que evocam e o ritmo dos contornos transcendem a cena idealizada para dentro da nossa psique. É realmente uma obra-prima, e espero que tu tenhas a oportunidade de vê-la com teus próprios olhos também.

De acordo com minha pesquisa, na época em que Botticelli pintou esta obra épica em tela, o planeta Vênus estava fazendo suas conjunções com o Sol nas mesmas cinco áreas do céu que ela está fazendo atualmente. Portanto, a era Renascentista tinha a mesma Estrela de Vênus que temos hoje — tinha os mesmos cinco signos/arquétipos ativos — Leão, Gêmeos, Áries, Capricórnio e Escorpião. Então, achei interessante explorar como a Estrela de Vênus poderia ter influenciado a mudança cultural daquela época e, ouso dizer — como ela poderia influenciar nosso tempo presente também.

A Estrela de Vênus

Como escrevi em artigos anteriores, Vênus tem um ciclo sofisticado e muito bem coreografado. Ela se alinha com o Sol e a Terra nas mesmas áreas do céu, desde nossa perspectiva na Terra, moldando uma estrela de cinco pontas — que minha amada mentora e talentosa astróloga Arielle Guttman cunhou como Venus Star Point®. Ao longo de 8 anos, Vênus completa cinco ciclos com o Sol que podemos observar em nosso zodíaco. Cada um de nós tem uma Estrela de Vênus pessoal — uma assinatura Venusiana — e aqui não estamos falando sobre a Vênus natal no mapa astral. Elas podem até compartilhar o mesmo signo, mas a Estrela de Vênus tem uma assinatura diferente, e se manifesta de uma forma diferente na nossa vida. Na imagem abaixo, podes observar os cinco signos ativos durante o Renascimento e atualmente.

Estrela de Vênus da era do Renascimento & atual — designed by Venusian Sun Day™

Certo, mas como a Estrela de Vênus transparece em nossa sociedade? — Deves estar te perguntando.

Em sua essência, como um planeta pessoal, Vênus representa nossos valores individuais, que por sua vez refletem nossos valores coletivos — seja por meio de influência, vínculo comunitário, condicionamento social e assim por diante. O magnetismo de Vênus molda a cultura que valorizamos como grupo e como sociedade. Afinal, estamos falando de Vênus. União é o domínio dela. No livro "Vênus e Afrodite", a arqueóloga Bettany Hughes escreveu: "Mas o mais brilhante sobre Afrodite é que ela não é apenas uma criatura da imaginação. Siga seu rastro material ao longo do tempo, e ela atua como um barômetro para a maneira como o mundo viu o desejo e a luxúria e os prazeres, propósitos e preocupações de mulheres e homens de carne e osso (...)". Não é interessante?

O Renascimento artístico. Arte como forma de poder.

O Renascimento evocou uma atitude totalmente nova em relação à maneira como as pessoas percebiam a vida, criando um movimento que veio a ser conhecido como Humanismo, que focava na bondade humana ao invés dos chamados 'pecados'. Não se tratava de ser anticristão, mas de uma renovação da filosofia moral e do valor de nossos dons e capacidades. E essa mudança de perspectiva fez as pessoas compreenderem que a melhor maneira de honrar a Deus era reconhecer seus talentos inatos — e colocá-los em uso.

Pintores, artistas e poetas redescobriram textos filosóficos e obras de arte antigas, infundindo-as em suas obras. Cientistas exploravam o corpo humano e a natureza com maior profundidade. Na política, o Renascimento deu origem aos princípios da democracia. Na economia, comerciantes criavam bancos e emprestavam dinheiro — o que trazia riqueza às recém-criadas cidades-estado italianas. Firenze era uma cidade próspera, e seu patrocínio às artes vindo da família de'Medici despertou uma explosão cultural. No início do século XVI, o Renascimento artístico estava de vento em popa.

A elevada percepção de Botticelli sobre a beleza e os detalhes seduziu a corte de Firenze. Ele encontrou inspiração nas formas das estátuas clássicas greco-romanas que pôde estudar como membro do círculo dos Medici. Seu patrocinador era Lorenzo de'Medici — conhecido como Lorenzo o Magnífico. A família de'Medici governava as esferas artísticas e políticas de Firenze não por meio de um governo oficial, mas por meio de influência social, puxando cordões, financiando projetos arquitetônicos audaciosos e encomendando e apoiando as artes. Acredito que para os Medici, a arte era um meio de alcançar poder e se tornar reis. A arte era uma maneira de governar. Lorenzo il Magnifico era um político habilidoso, além de poeta. Não é de se admirar que a dinâmica do prazer e do dinheiro esteja tão latente em seu legado familiar.

O fluxo de energia da Estrela de Vênus de Leão, Gêmeos, Áries, Capricórnio e Escorpião pode ser correlacionado com o fato de que famílias/irmãos poderosos estavam criando impérios, e eles iriam a extremos para obtê-los. Por exemplo, por duas gerações, o "chefe da família" Medici teve que suportar a perda de um irmão em nome da preservação do legado da família — o Banco Medici. Eles criaram sistemas financeiros que existem até hoje. Seu legado, por terem sido patrocinadores das artes e da arquitetura, é notável, assim como sua 'marca', devo dizer — como podes encontrar o brasão da família por toda a cidade.

E assim Botticelli teve a oportunidade de usar seus talentos para criar uma série de pinturas que, pela primeira vez em séculos, não eram religiosas. Ele tinha uma sofisticação narrativa na maneira como retratava cenas mitológicas. Na Parte II deste artigo, vou falar sobre os detalhes da pintura "O Nascimento de Vênus" e sua mitologia. No entanto, gostaria de destacar o contexto em que esta pintura, em particular, foi revelada à sociedade. Esta enorme e magnífica tela de Vênus nua foi apresentada por volta de 1485 — Vênus assumiu o centro do palco, onde as pessoas estavam acostumadas a olhar para a Santa Virgem Maria. Imagine that. Foi revolucionário. Uma nova maneira de observar a harmonia do corpo humano. Nudez com graciosidade ao invés de vergonha. Vênus simbolizava a perspectiva brilhante daquela época. A celebração da forma humana. Botticelli via a arte como uma maneira de se conectar com o Divino — a Beleza como uma representação de Deus. E falando em Beleza — com letra maiúscula — os signos/arquétipos ativos da Estrela de Vênus podem ser facilmente encontrados nas maiores pinturas de Botticelli daquela época — vou mostrar o que quero dizer.

Sandro Botticelli (1477 - 1482) "Primavera" — Firenze, Galleria degli Uffizi

Escorpião, a vida após a morte / Gêmeos, Hermes no lado esquerdo da cena mantendo as nuvens afastadas

Sandro Botticelli (1483) "Venus & Mars" — London, The National Gallery

Áries, a paixão e a loucura do amor

Sandro Botticelli (1485)  "The Birth of Venus" — Firenze, Galleria degli Uffizi

Leão, Vênus no centro do palco, com toques de ouro no cabelo; nesta fotografia podes ver o tamanho da tela

Vamos resumir os cinco arquétipos/signos ativos da Estrela de Vênus nesse contexto?

LEÃO

Vênus no centro das atenções

novas perspectivas iluminadas

o mundo das artes

GÊMEOS

comércio, interação cultural

diálogos entre culturas

ÁRIES

Humanismo, o indivíduo

to nascimento de uma nova perspectiva

a explosão cultural

CAPRICÓRNIO

interesse renovado pelas culturas clássicas

consolidação de cidades-estado com hierarquia de classes sociais

legados familiares

capitalismo

ESCORPIÃO

um renascimento era necessário (Renaissance é a palavra Francesa para renascimento)

alegoria de riquezas e poder

dinâmica entre prazer e dinheiro

E qual é a relevância de reconhecer o ciclo da Estrela de Vênus ?

Cada movimento estelar reflete em nosso mundo coletivo. Como diz Arielle Guttman: "A Estrela de Vênus funciona como um batimento cardíaco celestial para a Terra e a raça humana". Ao reconhecer a energia que Vênus tece em nossas vidas para nos alinhar com nossos valores fundamentais e, portanto, com nossa verdadeira essência, somos mais capazes de dominar nossos dons e compartilhá-los com o mundo. Algo fundamental nesta vida também é estar bem com as nossas vulnerabilidades. Ter intimidade com nosso Coração. Para viver uma vida plena. Nossa atual Estrela de Vênus está na transição entre dois signos — as conjunções de Vênus com o Sol em Escorpião mudarão para Libra em 2030 (tivemos a primeira em 2022) e, com ela, teremos outro elemento ar, mas desta vez governado por Vênus. E Áries mudará para Peixes em 2041 — trazendo suas águas elementais e Amor ilimitado para todos nós. Ainda temos alguns anos pela frente para vivenciar essa mudança energética completa, mas ela já está a caminho. E com ela, há esperança de que o Amor incondicional, a empatia, a harmonia e a comunidade tragam um renascimento dos nossos valores morais. Um mundo onde a guerra está fora de questão. Um mundo abençoado pelo poder do Amor.

No auge do espírito Renascentista, não posso deixar de me perguntar...

¿ E se a Arte pudesse ser uma forma de governo ?

A essência do Renascimento é celebrar a bondade humana. A Beleza Humana. Reconhecer que a Beleza nos aproxima do que é Divino. Reconhecer que o Divino está dentro de todos nós. Celebrar nossos dons naturais. E é exatamente esse dom natural que a nossa Estrela de Vênus nos ilumina, nos guia. 

Celebre a essência de quem você é. Honre teu Coração.

Alla prossima, Daniela